domingo, 8 de janeiro de 2012

A TRINDADE

O mistério não é uma verdade acerca da qual não possamos saber nada, mas antes uma verdade acerca da qual não podemos saber tudo. O mistério da Santíssima Trindade ensina-nos que em Deus há três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo; mas que as três têm uma mesma natureza divina, e em consequência são um só Deus. Este mistério é um dogma de fé definido.

Nos tempos do Antigo Testamento, os judeus estavam rodeados de nações idólatras, e mais de uma vez chegaram a trocar o culto ao Deus único, que os havia constituído como Povo Eleito, pelo culto aos muitos deuses dos seus vizinhos. Em consequência, Deus, por meio dos seus profetas, inculcava-lhes insistentemente a ideia da unidade divina. Não quis, pois complicar as coisas revelando ao homem pré-cristão que existem três Pessoas em Deus. Havia de ser Jesus Cristo quem nos comunicaria este vislumbre maravilhoso da natureza íntima da divindade. Porém, no Antigo Testamento, Deus algumas vezes fala como se fosse um sujeito plural: Gn 1, 26; Gn 3, 22; Gn 11, 7; Is 6, 8; Pr 8, 22-31; Eclo 24, 1-9; Sb 7, 22-29s, Sl 44,7; e observar especialmente Gn 18, 1-15 (Ícone da Santíssima Trindade de Rublev).

O Novo Testamento traz algumas passagens, nas quais a tradição da Igreja viu a presença da Santíssima Trindade: Batismo de Jesus (Lc 3, 21-22), Transfiguração (Mt 17, 1-9); Mt 3, 16; Mt 28, 19; Jo 14, 16.26; Jo 16, 13-15; At 2, 32; 7, 55; At 10, 37s; 1Jo 5,7; 1Pdr 1,1s; 2Cor 13, 13; Gal 4, 4-6; Ef 4, 4-6, Ef 2, 8; Ef 1, 3-14, Hb 1, 9b (explana e louva o papel das três pessoas da Santíssima Trindade).

Nos primeiros séculos da igreja, os Padres da Igreja já aprofundavam nesse mistério. Atenágoras (séc. II) diz: "Como não se admiraria alguém de ouvir chamar ateus os que admitem um Deus Pai, um Deus Filho e o Espírito Santo, ensinando que o seu poder é o único e que sua distinção é apenas distinção de ordens?" 

São Teófilo de Antioquia (séc. II) é o primeiro autor em cujos escritos se encontra a palavra triás (tríade ou trindade): "Os três dias que precedem o aparecimento do luzeiro, são tipo da Trindade: de Deus, de seu Verbo e de sua sabedoria". É interessante observar que o fato de Teófito não dar maiores explicações sobre a Trindade sugere que essa expressão já era comum  na igreja. O desenvolvimento do dogma teve marca importante nas heresias do século III e IV que culminou na definição do Dogma nos concílios de Nicéia (325) e Constantinopla (381).

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