quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

ONDE MORA O MESTRE


Publicado em 12/01/2012 por Dom José Alberto Moura no http://www.arquimoc.org.br


O chamado de Samuel representou a missão que Deus tinha para ele. Sua presteza em responder sim fez dele uma pessoa disponível para executar a vontade do Senhor (Cf. 1 Samuel 3, 3-19). Foi uma experiência inédita e de grande ensinamento para todos os que estão atentos a executar a vontade de Deus. Uns parecem não ter muita boa vontade para realizar o projeto de Deus na vida. Dizem-se crentes, mas sua fé não os leva a obedecer às instruções do Criador. Outros, ainda que se manifestem com boa vontade, não se comprometem com o bem da comunidade. Sua manifestação de fé é desligada da missão e da promoção de solidariedade em relação à comunidade religiosa.
Hoje vivemos num pluralismo tal que muitos se decepcionam com o modo de pessoas batizadas viverem sua religião. Preferem dizer-se cristãos, mas sem participar de alguma comunidade religiosa. Não seria isso motivado por falta de um testemunho de vida ética, coerente com sua crença? Às vezes falta a experiência pessoal do encontro profundo com Cristo!
João Batista assumiu bem sua missão de preparar as pessoas para seguirem a Cristo: “Eis o Cordeiro de Deus!” (João 1, 36). Ele não foi líder religioso a ponto de fundar uma religião para ter adeptos seguidores de si mesmo. A liderança religiosa por algum tipo de interesse pessoal trai a missão de ajudar as pessoas a seguirem a Deus conforme o Filho. Não as estimula a participarem da Igreja ou de sua comunidade para servir a humanidade com o conteúdo vitalizador de sua convivência na fraternidade e ser luz para os outros seguirem a Cristo.
Os discípulos de João foram ver onde morava Jesus: “Rabi (o que quer dizer: Mestre), onde moras?” (João 1, 38). O próprio Jesus o mostrou. Os discípulos André e Simão seguiram o Mestre! E o fizeram durante toda a vida de Jesus na terra. Foram além. Deram a vida pelo Filho de Deus, espalhando para todos a natureza de sua pessoa e de seus ensinamentos.
O Mestre mora não simplesmente num templo de alvenaria. Quem O deixa morar no templo de sua pessoa se torna pessoa de ideal, de compromisso com o bem da família, com a promoção da vida e da dignidade humana, abraçando causas de interesse de toda a sociedade, como a política de real serviço à  sociedade.
Jesus mora onde há abertura ao amor, à ternura, à justiça, ao serviço, aos desvalidos, aos não considerados na inclusão humana e social. Ele sempre esteve ao lado dos mais fragilizados e continua  estar, através de quem o imita, e segue seu caminho: “Quem adere ao Senhor torna-se com ele um só espírito” (1 Coríntios 12)! Mais: ajuda os outros a fazerem o mesmo. Isto se deu com João Batista. Todos somos chamados a imitar este profeta de tamanha grandeza!
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Dom José Alberto Moura

Dom José Alberto Moura

É arcebispo metropolitano de Montes Claros. É presidente do Regional Leste II da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) para o quadriênio 2011-2015. Foi presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Diálogo Ecumênico e Interreligioso da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) de maio de 2007 a maio de 2011. Nasceu em Ituiutaba, Minas Gerais, em 23 de outubro de 1943. Pertence à Congregação dos Sagrados Estigmas de Nosso Senhor Jesus Cristo (CSS). Foi nomeado arcebispo metropolitano de MOC em 07 de fevereiro de 2007, tomando posse nesta Igreja particular em Missa Solene no dia 14 de abril do mesmo ano. Foi ordenado sacerdote estigmatino em 09 de janeiro de 1971.

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