quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

ABRIR O LIVRO


                                                           Publicado em 27/01/2013 por Dom José Alberto Moura

artigo 289

Depois da volta dos judeus exilados na Babilônia para sua terra, o sacerdote Esdras abriu o livro sagrado e o leu para o povo para a comunidade. O ânimo, a emoção e a alegria tomaram conta do povo, que manifestou seu agrado e assentimento (Cf. Neemias 8, 2-10). Foi como decretar a restauração de sua identidade de família e nação.

O batismo nos configura com uma espécie de DNA do amor de Deus e nos faz irmãos e irmãs, com características diferenciadas, mas todos unidos como as diversas partes do mesmo corpo. Sobre isso Paulo lembra: “Vós, todos justos, sois o corpo de Cristo e, individualmente, sois membros desse corpo” (Cf. 1 Coríntios 12, 27). Basta abrirmos o livro das Escrituras Sagradas para vermos a identidade da Família de Cristo, com vontade de segui-la e a valorizarmos na prática. Então percebemos que não contamos só com nossas forças para enfrentarmos os desafios da vida. Quem se fecha em sua religiosidade isolada perde a propulsão advinda da fonte de energia deixada pelo Filho de Deus em sua Igreja. O isolamento de quem quer ser a própria regra da religião faz a pessoa ser como uma bateria fraca e até descarregada, não conseguindo sustentar sua energia da vida.

Na força da Palavra e de demais ensinamentos apostólicos temos a linha mestra segura que nos identifica com Cristo e nos coloca em seu caminho de vida. Deste modo, atingimos melhor a razão de ser de nossa caminhada existencial. Lucas apresenta o itinerário de Jesus: “Após fazer um estudo cuidadoso de tudo o que aconteceu desde o princípio, também eu decidi escrever de modo ordenado para ti... poderás verificar a solidez dos ensinamentos que recebeste” (Lucas 1, 3.4). Este mesmo autor sagrado lembra que Jesus abriu o livro de Isaías e leu o texto que o próprio Mestre aplicou a si: “Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir (Lucas 1, 21). O profeta citado falava sobre o Cristo, ou o Ungido de Deus, que veio proclamar uma nova convivência na sociedade, em que os deixados de lado superariam suas exclusões e teriam vida mais saudável em todas as dimensões. Os pobres seriam mais atendidos e teriam supridas suas necessidades. Enfim, aconteceria a libertação das opressões.

Ler na cartilha de Jesus faz-nos fortes na fé e na união. Superamos os desânimos. Assumimos a missão de levar a todos o que Ele nos indica, sendo luz para tantos que não enxergam o sentido da vida e estão presos nas suas idolatrias do consumismo e materialismo. O Livro da Palavra Divina, lido, praticado e ensinado, forma o caráter da pessoa para a prática da justiça, do bem ao próximo e da luta para a convivência em que todos sejam contemplados pelo amor. Desta forma, todos se sentem solidários e corresponsáveis pela superação de tudo o que diminui o valor da vida e da pessoa humana.
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Dom José Alberto Moura

Dom José Alberto Moura

É arcebispo metropolitano de Montes Claros. É presidente do Regional Leste II da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) para o quadriênio 2011-2015. Foi presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Diálogo Ecumênico e Interreligioso da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) de maio de 2007 a maio de 2011. Nasceu em Ituiutaba, Minas Gerais, em 23 de outubro de 1943. Pertence à Congregação dos Sagrados Estigmas de Nosso Senhor Jesus Cristo (CSS). Foi nomeado arcebispo metropolitano de MOC em 07 de fevereiro de 2007, tomando posse nesta Igreja particular em Missa Solene no dia 14 de abril do mesmo ano. Foi ordenado sacerdote estigmatino em 09 de janeiro de 1971.

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